15/10/2008

Agora Falo Eu - Maria João Caetano


Na secção "Agora Falo Eu", o site "O MIRANTE", publicou uma entrevista com a cidadã de Alcanena, Maria João Caetano, 37 anos, Consultora Financeira.

“Como estou ligada à área de consultoria financeira apercebo-me imediatamente da crise que se está a passar em termos de banca e os portugueses ainda não estão bem a cair na realidade. Mas vão ter que cair, porque isto está mesmo muito complicado”

Gosta do emprego que tem?
Adoro o emprego que tenho. Tem muito a ver com o que gosto de fazer. Comunicar com pessoas, ajudar a resolver problemas. É efectivamente um trabalho que me dá prazer fazer.

A crise económica já a afectou de alguma maneira?
Afectou-me a mim e afecta toda a gente. Estou convencida de que as pessoas ainda não se aperceberam bem do que se passa no nosso país e arredores. Como estou ligada à área de consultoria financeira apercebo-me imediatamente da crise que se está a passar em termos de banca e os portugueses ainda não estão bem a cair na realidade. Mas vão ter que cair, porque isto está mesmo muito complicado.

Os portugueses são pouco cautelosos a endividar-se?
Os portugueses têm vivido um bocadinho acima das suas possibilidades. Por temperamento somos demasiado optimistas e pensamos sempre que melhores dias virão. Só que as despesas são muitas e os ordenados são baixos e se não arrepiarem caminho vão ter uma vida muito complicada.

Já teve que cortar nas despesas pessoais? Onde é que cortou?
Como toda a gente já tive que cortar e também como boa portuguesa cortei na comida.

Sente-se segura em Alcanena?
Sinto. Embora Alcanena também já comece a ficar com alguns problemas, todos os dias há assaltos. A população já começa a ficar preocupada.

Acredita que vai ter a reforma assegurada quando chegar à idade de se reformar?
Penso que não. Definitivamente quando chegar a essa idade não vai haver reforma.

Porque é que pensa assim?
Porque não descontamos o que devíamos. Aconselho vivamente os jovens a fazerem seguros de poupança de saúde, a investir nessas áreas, porque a Segurança Social não vai lá estar quando nós precisarmos dela.
Ler Mais no "O MIRANTE"

4 comentários:

Anónimo disse...

Já pagou o IVA sem ter recebido o pagamento das suas facturas?

Gostou?

Anónimo disse...

descontamos sim senhora minha amiga.
Mas não descontamos o suficiente para encher esses golosos que gravitam no sistema. Deputados, ministros, acessores, amigos, etc ...
veja as casas atribuidas a pessoas pela CMLisboa, etc ...

se fosse gente séria o que descontamos chegava muito bem mas como estão metade a trabalhar pra a outra metade é capaz de não chegar.

Anónimo disse...

veja o artigo que o Mário Crespo escreveu no DN e perceba quem nos anda a "comer" os descontos, etc, etc...

António

Anónimo disse...

Maria João aqui vai o artigo que lhe falei.


Mário Crespo.

Apreciem a história que eles nos conta



Imaginem que todos os gestores públicos das setenta e sete empresas do Estado decidiam voluntariamente baixar os seus vencimentos e prémios em dez por cento. Imaginem que decidiam fazer isso independentemente dos resultados.

Se os resultados fossem bons as reduções contribuíam para a produtividade. Se fossem maus ajudavam em muito na recuperação.

Imaginem que os gestores públicos optavam por carros dez por cento mais baratos e que reduziam as suas dotações de combustível em dez por cento.

Imaginem que as suas despesas de representação diminuíam dez por cento também. Que retiravam dez por cento ao que debitam regularmente nos cartões de crédito das empresas. Imaginem ainda que os carros pagos pelo Estado para funções do Estado tinham ESTADO escrito na porta. Imaginem que só eram usados em funções do Estado.

Imaginem que dispensavam dez por cento dos assessores e consultores e passavam a utilizar a prata da casa para o serviço público. Imaginem que gastavam dez por cento menos em pacotes de rescisão para quem trabalha e não se quer reformar. Imaginem que os gestores públicos do passado, que são os pensionistas milionários do presente, se inspiravam nisto e aceitavam uma redução de dez por cento nas suas pensões. Em todas as suas pensões. Eles acumulam várias. Não era nada de muito dramático. Ainda ficavam, todos, muito acima dos mil contos por mês.

Imaginem que o faziam, por ética ou por vergonha. Imaginem que o faziam por consciência. Imaginem o efeito que isto teria no défice das contas públicas. Imaginem os postos de trabalho que se mantinham e os que se criavam. Imaginem os lugares a aumentar nas faculdades, nas escolas, nas creches e nos lares. Imaginem este dinheiro a ser usado em tribunais para reduzir dez por cento o tempo de espera por uma sentença. Ou no posto de saúde para esperarmos menos dez por cento do tempo por uma consulta ou por uma operação às cataratas.

Imaginem remédios dez por cento mais baratos. Imaginem dentistas incluídos no serviço nacional de saúde. Imaginem a segurança que os municípios podiam comprar com esses dinheiros. Imaginem uma Polícia dez por cento mais bem paga, dez por cento mais bem equipada e mais motivada. Imaginem as pensões que se podiam actualizar. Imaginem todo esse dinheiro bem gerido. Imaginem IRC, IRS e IVA a descerem dez por cento também e a economia a soltar-se à velocidade de mais dez por cento em fábricas, lojas, ateliers, teatros, cinemas, estúdios, cafés, restaurantes e jardins.

Imaginem que o inédito acto de gestão de Fernando Pinto, da TAP, de baixar dez por cento as remunerações do seu Conselho de Administração nesta altura de crise na TAP, no país e no Mundo é seguido pelas outras setenta e sete empresas públicas em Portugal. Imaginem que a histórica decisão de Fernando Pinto de reduzir em dez por cento os prémios de gestão, independentemente dos resultados serem bons ou maus, é seguida pelas outras empresas públicas.

Imaginem que é seguida por aquelas que distribuem prémios quando dão prejuízo. Imaginem que País podíamos ser se o fizéssemos. Imaginem que País seremos se não o fizermos.