19/09/2008

Mercados Municipais em Dificuldades


Algumas câmaras municipais vão mantendo os mercados diários abertos com elevados custos de manutenção, apesar de saberem que a morte dos espaços de venda está próxima.



Muitos mercados municipais estão a definhar. Os vendedores vão deixando o negócio e não há ninguém a candidatar-se aos seus lugares. Os consumidores preferem as grandes superfícies onde o estacionamento, a variedade e o factor preço fazem a diferença e vão ditando a morte inglória de espaços que custam em manutenção valores elevados às câmaras municipais. Há presidentes de municípios que não têm dúvidas que os mercados que no século XX borbulhavam de agitação vão acabar no século XXI.

Na Chamusca, no edifício que foi sujeito a obras há dez anos e que tem um aspecto moderno, impera o silêncio. Não há pregões porque não há clientes. Nas bancas vão-se acumulando as frutas, as cebolas, os legumes de um dia para o outro.
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Lucinda Farlens tem uma peixaria numa das lojas do mercado de Alcanena há seis anos e desde que iniciou a actividade que tem notado que o mercado está a decair de dia para dia. Da loja, a comerciante observa o espaço da venda de hortaliças e peixe num misto de tristeza e revolta. “Se viesse aqui a ASAE (Autoridade para a Segurança Alimentar e Económica) fechava o edifício”, desabafa. E não é difícil perceber porquê. O tecto tem marcas de infiltrações. As paredes estão sujas, esfoladas. As bancas são em pedra, o chão está gasto, degradado.

Há dias, conta Lucinda Farlens, foi feita uma desinfestação depois das pessoas se queixarem da presença de ratos e baratas. “Vimos sair daqui ratazanas grandes”, observa, acrescentando que esse é um sinal evidente de que o mercado não tem tido manutenção. Ao contrário de outros espaços idênticos na região, este até tem estacionamento em redor, mas mesmo nos dias em que o mercado está fechado, à segunda e quinta-feira, além de domingo, os lugares livres não são muitos. “Se as coisas continuam nestas condições vai ser difícil revitalizar o mercado”.

Mesmo assim o presidente da Câmara de Alcanena, eleito numa lista de independentes, acredita que ainda é possível salvar o mercado. Luís Azevedo diz que se está a fazer um projecto para recuperar o espaço e aumentar o número de lojas, apesar de admitir que “há uma redução do número de vendedores e não tem havido interessados em ocupar as bancas vagas”. A ideia do autarca é candidatar a obra a fundos comunitários no âmbito do QREN – Quadro de Referência Estratégico Nacional. Depois, para chamar mais gente para o local, pretende transferir a feira semanal, à quarta-feira, para as imediações do mercado municipal. “Na minha perspectiva não há problemas de continuidade” deste tipo de comércio.



Menos optimistas são os presidentes dos municípios da Chamusca e de Benavente, que já não acreditam que os mercados continuem a ter a importância que tinham e o mais certo é fecharem quando os últimos vendedores abandonarem a actividade. Por exemplo, o mercado de Porto Alto, concelho de Benavente, está perto do encerramento, diz António José Ganhão, acrescentando que se não forem encontradas formas de chamar a população ao local o “caminho do declínio pode ser irreversível”.
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