17/06/2009

Protocolo viabiliza solução para poluição no Alviela


O calvário das populações ribeirinhas do Alviela devido à poluição pode estar a chegar ao fim. A luz ao fundo do túnel começou a ver-se sexta-feira, 5 de Junho, com a assinatura, em Alcanena, de um protocolo envolvendo quatro entidades e que prevê a realização de várias intervenções complementares para mudar a face ao rio. A metáfora luminosa foi deixada pelo representante da AUSTRA – Associação de Utilizadores do Sistema de Tratamento de Resíduos de Alcanena, Fernando Fernandes, dizendo que “desta vez a luz ao fundo do túnel não é a do comboio que nos vem arrasar a todos, mas sim a saída” para os problemas.

O investimento estimado é de 21,2 milhões de euros e engloba: a construção de uma unidade de tratamento de resíduos industriais (raspas verdes); a melhoria do sistema de tratamento da ETAR de Alcanena; remodelação da rede de colectores de águas residuais; reabilitação da zona de lamas não estabilizadas; e defesa contra cheias da ETAR de Alcanena.

Integrado no mesmo protocolo, assinado pela Câmara de Alcanena, Instituto da Águas (INAG), Administração da Região Hidrográfica do Tejo (ARHT) e AUSTRA, encontra-se ainda a reconstrução da cascata do mouchão de Pernes, no concelho de Santarém. Uma obra também há muito reclamada e cujo início está previsto para breve.

O presidente da Câmara de Alcanena, Luís Azevedo (ICA), considera que desta vez não se trata apenas de uma expressão de intenções mas sim de medidas concretas para colocar fim ao flagelo ambiental que há décadas, de forma regular, afecta o rio que cruza os concelhos de Alcanena e Santarém. O autarca fez um breve historial do processo, reconhecendo que a industrialização desenfreada e desumanizada deixou mossas difíceis de esquecer. “A agonia e morte do rio Alviela foi a face mais mediática e triste desse problema”, lamentou.

Apesar do investimento de 70 milhões de euros feito nas duas últimas décadas no sistema de tratamento de resíduos de Alcanena, o problema nunca ficou resolvido por inteiro. E é isso que agora se pretende. O secretário de Estado do Ambiente, Humberto Rosa, lamentou o arrastar do problema mas congratulou-se com a concertação entre as várias entidades que à partida permitirá resolver uma questão complexa. Também o secretário de Estado do Desenvolvimento Regional, Rui Baleiras, realçou esse aspecto e o envolvimento de três programas operacionais (Centro, Alentejo e da Valorização do Território) na comparticipação dos projectos.



Os projectos um a um
- Unidade de Tratamento de Resíduos Industriais. Tem como promotor a AUSTRA e um orçamento de 2,6 milhões de euros, com comparticipação prevista de fundos europeus de 70 por cento.
- Melhoria da eficiência do sistema de tratamento da ETAR de Alcanena. Obra da AUSTRA. Investimento de 7 milhões de euros, com financiamento comunitário previsto de 60 por cento.
- Remodelação da rede de colectores de águas residuais. O valor é de 5,9 milhões e a AUSTRA terá comparticipação máxima de 70 por cento.
- Reabilitação da zona de lamas não estabilizadas. Obra da responsabilidade da ART do Tejo. Valor de 5 milhões de euros. Aguarda aprovação da candidatura para financiamento em 70 por cento pela União Europeia. Conclusão prevista para Dezembro de 2009.
- Defesa contra cheias da ETAR de Alcanena. Projecto do INAG, com um valor de 777 mil euros. Conclusão prevista para Abril de 2010.
- Reconstrução da cascata do Mouchão de Pernes. Obra do INAG no valor de 917 mil euros. Conclusão prevista para Junho de 2010.
Publicado no "O MIRANTE"



COMENTÁRIO:
Colocado no post "Ponte da Ferreira sobre o Alviela na Louriceira", em 02.05.2009

Gastam-se milhões em obras de fachada, e anunciam-se outros bons milhões para despoluir o Alviela, mas colocar uns simples caixotes para o lixo, ou reparar uma ponte que é um perigo e não oferece as mínimas condições de segurança, já ninguém liga. É lastimável o ponto a que o município deixou chegar esta situação que com poucos custos se resolveria.
Lastimável é também a conduta dos usuários que fazem do local um depósito de lixo sem qualquer preocupação ambiental. Como diz o autor do apelo: é necessário mais "sensibilização para preservar este maravilhoso espaço que é de todos".


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